O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do Partido Liberal na Câmara, participou nesta terça-feira de uma audiência pública presidida pelo deputado Hélio Lopes, na qual reforçou seu compromisso com a aprovação do projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O encontro contou com a presença de parlamentares conservadores, advogados, defensores públicos e familiares de presos, reunidos para debater a situação dos chamados “presos políticos”.
Durante seu discurso, Sóstenes prestou homenagens aos familiares dos detidos e destacou o caso de Clézio de Lima (o “Clezão”), que faleceu sob custódia. “Nenhum de nós pode mensurar a dor dessas três pessoas — viúva e filhas — que não verão mais seu ente querido. Que esta audiência pública sirva de bálsamo para o coração delas. A vida do Clezão não volta, e esse sangue está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes. Ele vai ter que responder por isso”, declarou, sendo aplaudido pelos presentes.
O deputado também denunciou o tratamento dado aos detidos, relatando o caso de um manifestante de Divinópolis que, mesmo autorizado judicialmente a comparecer ao velório de um parente, foi escoltado por seis policiais e algemado nas mãos e nos pés. “Queria ver se fariam isso com um traficante do Rio de Janeiro”, criticou Sóstenes, afirmando que os patriotas vêm sendo tratados de forma desumana.
Durante sua fala, o parlamentar traçou um panorama daquilo que considera o crescimento do poder do Judiciário nos últimos nove anos. Ele fez autocrítica por ter apoiado, no passado, decisões do Supremo Tribunal Federal que interferiram em atribuições do Executivo, e defendeu a separação e o equilíbrio entre os Poderes. “Nós ajudamos a construir um superpoder. E agora estamos colhendo as consequências. Reconstruir a democracia será um processo longo, mas necessário”, disse.
Sóstenes também enalteceu o trabalho de advogados voluntários que vêm atuando em defesa dos presos e suas famílias, reconhecendo o esforço feito sem remuneração. “Se os parlamentares fossem pagar por esse trabalho, seriam milhões em honorários. Que Deus retribua vocês”, afirmou.
O líder do PL destacou que sua bancada trabalha com pauta única até que o projeto de anistia seja votado. “Não inseri um único item na pauta deste ano enquanto líder. E não o farei até que a anistia vá à votação. Esse é o compromisso da nossa bancada. Queremos ver essas pessoas de volta ao seio de seus lares”, garantiu.
Ao final, Sóstenes repudiou a narrativa de golpe atribuída às manifestações do 8 de janeiro. “O Brasil nunca viveu um golpe. O que houve foi uma manifestação que, por infiltrados ou por alguns exaltados, terminou em baderna. A Direita sempre fez as maiores manifestações deste país sem um quebra-quebra sequer. Essa é a nossa marca”, concluiu.
A audiência pública foi marcada por aplausos, discursos emocionados e críticas ao Supremo Tribunal Federal, além de reforçar o apelo por celeridade na tramitação do projeto de anistia no Congresso Nacional.